sábado, 20 de setembro de 2008

Confissão de pedofilia fez mulher matar marido

SÃO PAULO – Foi libertada ontem Michele Saragosa Ferreira, 25 anos, que confessou ter matado o marido, ex-bancário e colecionador de armas Marcos de Moraes Barros, 46. Ela está grávida de dois meses e ficou presa durante 42 dias. Michele disse que o marido ameaçou matar a criança.
Chorando compulsivamente, Michele confirmou em entrevista ao jornal Diário de S.Paulo o que disse à polícia no dia do crime: matou porque descobriu que o marido era pedófilo e tinha abusado de sua irmã quando a menina tinha apenas 10 anos. O crime ocorreu no dia 7 de agosto na Vila Sonia, no Morumbi, Zona Sul da capital paulista, e revelou um arsenal de armas pesadas, que incluía até mesmo uma metralhadora antiaérea calibre ponto 50. O coronel do Exército César Moura afirmou que Barros tinha registro de colecionador.
Michele contou que Barros falava constantemente sobre sua atração por meninas de 13 e 14 anos e chegou a dizer que levaria uma adolescente de 14 anos para morar com o casal. “Depois que ele contou dessa menina eu disse: ‘Você deve estar ficando doido, eu não quero”. Foi aí que surgiu a história da minha irmã. Ele falou que havia tirado a virgindade da minha irmã de 10 anos na nossa cama. Isso me rasgou por dentro. Então ameacei denunciá-lo por pedofilia”, afirmou.
Michele disse que o marido ameaçou matá-la e chegou a apontar a arma para ela. Foi então que contou que suspeitava estar grávida. “Foi quando ele falou: ‘Se você aparecer grávida vou esmurrar sua barriga até você perder o bebê’. Ele já havia apontado a arma para mim, depois a colocou no criado mudo e deitou na cama. Aproveitei e peguei a arma. Apontei a arma e ele disse: ‘Atira se você for mulher, você não passa de uma vagabunda”. Diante dessas palavras, não tive dúvida em apertar o gatilho”, disse.
A angustia de Michele agora é saber que terá de contar ao filho que matou o pai dele. “Acho que só Deus para tirar essa angústia que eu sinto. Mas o que mais dói neste momento é pensar que depois vou ter que encarar a situação de contar para o meu filho que eu tirei a vida do pai dele. E não vou ter coragem de mentir porque mais tarde eu sei que ele vai descobrir”, diz.
Além das armas que estavam na casa do casal, Barros guardava outras em uma mansão em Pinheiros, que pertencia à família dele e foi vendida por R$ 1,5 milhão. A polícia investiga se havia algum tipo de desavença entre o casal por causa da herança que ele havia recebido. Barros havia trabalhado por 20 anos como bancário, mas atualmente dedicava-se apenas a restaurar armas e peças de antiguidades.
DEFESA
O advogado Ademar Gomes afirmou que vai alegar à Justiça que Michele matou em legítima defesa do filho diante da ameaça do marido. “Ela confessou o crime, não fugiu do local, foi ameaçada de morte. Posso até pensar em uma absolvição durante o julgamento” disse.

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