Um ex-estudante que não conseguiu se formar na faculdade de medicina se passou por médico durante dois anos no Rio Grande do Sul. Ele é suspeito de ter ocasionado a morte de dois de seus pacientes diagnosticados de maneira errada.
O ex-estudante chegou a fazer clientela. A industriária Olívia Rocha Flores era uma das pacientes. “Ele era muito atencioso, perguntava e examinava bem”, conta. O que ela não sabia é que o seu "médico", de 46 anos, nunca se formou em medicina.
Ele até tentou, mas, depois de 18 anos no curso e 97 reprovações, foi desligado pela universidade. Zero, um e dois eram as notas mais comuns no histórico escolar. Mesmo assim, não desistiu e com uma cópia de um diploma falso, conseguiu o emprego de médico numa pequena cidade do interior gaúcho. Ele recebia R$ 5,8 mil de salário. Depois de ser contratado pela Prefeitura de São Sebastião do Caí (RS), o falso médico passou a atender num posto de saúde de uma das vilas mais pobres do município. Num consultório pequeno, ele atendeu uma média de 30 pacientes por dia durante dois anos. A farsa só foi descoberta em setembro do ano passado. O Ministério Público denunciou o falso médico por falsidade ideológica, exercício ilegal da medicina e homicídio. Diagnósticos errados teriam causado a morte de dois pacientes. Um deles tinha câncer, mas recebeu tratamento para infecção urinária. “Foi uma falha absurda da administração municipal, que aceitou que ele comprovasse a sua condição de médico mediante a apresentação de um simples certificado, mais um simples xérox não autenticado de um certificado de conclusão do curso de medicina”, diz o promotor de Justiça, Charles Martins. O prefeito, Léo Klein, tentou justificar a contratação. “Não é normal uma pessoa se apresentar como médico e partir de nós uma desconfiança.” O falso médico, que também trabalhou no único hospital da cidade por um ano e dois meses, está foragido.
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